Calor Excessivo E Seus Efeitos No Cérebro
Impacto do Calor na Saúde Mental
Em tempos de aquecimento recorde do planeta, o calor não é apenas uma sensação, mas uma realidade que pode afetar profundamente a saúde mental. Estudos apontam que altas temperaturas estão associadas a distúrbios como impulsividade, agressão, depressão, insônia e até redução da capacidade cognitiva. O calor extremo, portanto, se torna um problema de saúde pública, exigindo atenção redobrada.
Como a Temperatura Afeta o Cérebro
O cérebro humano é um órgão altamente sensível à temperatura. Ele precisa manter uma temperatura constante em torno de 36,5°C para funcionar adequadamente. Quando exposto a calor excessivo, a bioquímica cerebral é alterada, podendo levar a sérios problemas, como surtos esquizofrênicos e aumento das taxas de suicídio. Um estudo liderado por Jingwen Liua, da Universidade de Adelaide, revelou que ondas de calor aumentam em 75,3% os casos de doenças mentais.
Dados Alarmantes sobre Saúde Mental
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os riscos associados às altas temperaturas, especialmente em relação ao aumento da morbidade e mortalidade por doenças mentais. O professor Flávio Kapczinski da UFRGS destaca que o calor atual não apenas ameaça a saúde mental, mas pede uma estratégia eficaz para enfrentá-lo.
Efeitos Físicos do Calor no Cérebro
O calor extremo prejudica as funções cerebrais, afetando proteínas e enzimas essenciais. Neurônios, especialmente os de Purkinje, são particularmente vulneráveis. Sob altas temperaturas, a barreira hematoencefálica — que protege o cérebro de substâncias nocivas — se enfraquece, aumentando o risco de doenças mentais.
Energia e Calor: A Relação Perigosa
O cérebro é um dos maiores consumidores de energia do corpo, utilizando cerca de 20% da glicose e 25% do oxigênio. Durante a metabolização da glicose, o calor é gerado, elevando a atividade elétrica cerebral. Esse aumento de temperatura pode afetar a estrutura do tecido cerebral, levando a problemas como a doença de Alzheimer.
Alterações nos Neurotransmissores
As altas temperaturas alteram os níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina, essenciais para a regulação do humor. Além disso, alguns medicamentos utilizados no tratamento de doenças mentais podem perder eficácia ou até agravar os efeitos do calor. A instabilidade emocional e a compulsividade tornam-se mais evidentes em condições de calor extremo.
Populações Vulneráveis e Efeitos de Longo Prazo
Pessoas que já sofrem de distúrbios mentais são mais suscetíveis aos efeitos do calor. O estudo de Julia Corvetto, publicado em 2023, mostrou um aumento de 85% nas tentativas de suicídio em Curitiba durante períodos quentes. Além disso, o risco de depressão e ansiedade cresceu 18%, afetando principalmente mulheres e adultos jovens.
A Desigualdade no Acesso à Refrigeracão
Estudantes em ambientes sem ar-condicionado têm desempenho acadêmico inferior. Pesquisas mostram que a temperatura afeta diretamente a capacidade de aprendizado. Um estudo da Universidade de Harvard demonstrou que os alunos que dormiam em quartos quentes apresentavam notas significativamente mais baixas.
Cultura e Percepção do Calor
No Brasil, a cultura geralmente associa o calor a momentos prazerosos, como praia e lazer. No entanto, essa percepção precisa ser revista, visto que o calor atual, diferente do benigno do passado, é uma fonte de sofrimento, como enfatiza o professor Kapczinski.
Conclusão: Uma Questão de Saúde Pública
Os efeitos do calor excessivo na saúde mental são alarmantes e crescentes. Com o aumento das temperaturas globais, é crucial que políticas públicas sejam implementadas para mitigar esses impactos. A conscientização sobre como o calor afeta a nossa saúde mental e a busca por soluções são passos essenciais para enfrentar essa nova realidade.