Sexo Sem Tabu: A Relação com a Intimidade Durante o Câncer
Vivendo a Intimidade em Tempos de Câncer
A jornada de um paciente oncológico envolve não apenas o tratamento da doença, mas também a redescoberta da intimidade e da sexualidade. A história de Vivian Geraissate, que enfrentou o câncer de mama e suas consequências, é um exemplo claro de como a saúde emocional e física se entrelaçam. Após a mastectomia e a indução à menopausa, Vivian percebeu que sua relação com o corpo e a sexualidade mudaram drasticamente. O desconforto com a própria imagem e os olhares indiscretos resultaram em um processo de redescoberta que é comum entre muitos pacientes.
A Importância da Discussão sobre Sexualidade
O câncer e seus tratamentos podem afetar significativamente a vida sexual dos pacientes. Especialistas destacam que é essencial que médicos abordem o tema da sexualidade durante o tratamento. De acordo com Ariel Kann, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Oswaldo Cruz, o impacto emocional do diagnóstico, as preocupações com a autoimagem e os efeitos colaterais da terapia podem provocar alterações na libido e na intimidade. Isso é um aspecto crítico da qualidade de vida que muitas vezes é negligenciado.
Efeitos dos Tratamentos na Sexualidade
Os efeitos colaterais de tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias podem causar disfunções que impactam a vida sexual. Por exemplo, as alterações hormonais podem levar a uma diminuição do desejo sexual e à dor durante a relação. Clarissa Mathias, oncologista da Oncoclínicas, ressalta a importância de respeitar a forma como cada paciente reage a essas mudanças. Mesmo que a decisão seja não manter relações sexuais, o apoio psicológico é fundamental para lidar com essas questões.
A Redefinição da Sexualidade
Vivian, após passar por um intenso processo de aceitação, agora fala abertamente sobre suas experiências. Para ela, o diálogo sobre os diagnósticos e sobre seu corpo atual é vital. Patricia Almeida, outra paciente, compartilha uma experiência semelhante. Após a indução à menopausa, ela também enfrentou a falta de libido, mas encontrou na reposição hormonal um caminho para redescobrir sua intimidade. A comunicação com o parceiro é essencial nesse processo, pois ambos precisam compreender as mudanças e buscar uma nova forma de se relacionar.
O Papel do Acompanhamento Psicológico
O suporte psicológico é uma peça-chave na jornada de recuperação e redescoberta da sexualidade. Vera Bifulco, psico-oncologista, enfatiza que, embora os pacientes possam inicialmente focar na sobrevivência, a questão da sexualidade inevitavelmente surge. Essa transição é parte do que significa ter qualidade de vida, e os profissionais de saúde devem estar preparados para abordar o tema de forma sensível e respeitosa.
Alternativas e Novas Perspectivas
O oncologista Marcelo Aisen sugere que, uma vez estabelecida a conexão com o paciente, é possível discutir alternativas para lidar com as dificuldades sexuais. Exercícios físicos, por exemplo, podem ajudar a melhorar a autoestima e a saúde geral. Além disso, é importante lembrar que o prazer pode ser alcançado mesmo sem desejo sexual, através de carinhos e preliminares. Isso abre uma nova perspectiva sobre a intimidade, mostrando que o prazer não se limita à relação sexual convencional.
Conclusão: A Jornada de Aceitação e Redefinição
A jornada de pacientes oncológicos como Vivian e Patricia ilustra a importância de abordar a sexualidade durante o tratamento do câncer. A redescoberta do prazer e da intimidade é um aspecto crucial que pode contribuir para a qualidade de vida. Conversar abertamente sobre essas questões e buscar apoio médico e psicológico é essencial para que os pacientes possam viver plenamente, mesmo em tempos de desafios.